29.8.08

moqueca quase baiana


moqueca quase baiana
Upload feito originalmente por simonewicca
eis que as dez da noite me deu faniquito de fazer uma moqueca... e estrear o dendê trazido da viagem. era mais vontade de fazer que de comer. mas uma vez feita, o perfume do dendê foi muito convidativo... : )
apesar de eu ter trazido de lá também um livro de receitas, segue a receita que acabei fazendo intuitivamente.

400g de camarão (era congelado, mas foi comprado na promoção)
1/2 limão
1 colher chá de alho
1 tomate
1/2 cebola
1 pimentão pequeno (usei 1/2 amarelo, 1/2 vermelho que tinha na geladeira, mas gosto mais do verde, com sabor mais forte)
100ml de leite de coco
100ml de azeite de dendê
salsa desidratada (o ideal seria o coentro fresco, mas... eu não tinha)
sal

lave o camarão no suco do limão, junte alho e sal. reserve.
faça uma caminha com os vegetais (tomate, pimentão e cebola) em rodelas e deite o camarão sobre ela. agora cubra, de modo que o camarão fique entre os vegetais. regue com o leite de coco e com o azeite de dendê. ligue o fogo baixo e deixe cozinhar. acerte o sal.

durante o cozimento, vá retirando um pouco do caldo e colocando numa outra panelinha, pois com uma chuvinha de farinha de mandioca, em fogo brando e agitação constante, teremos um pirão bem gostosinho.

forre o fundo de uma frigideirazinha com azeite de dendê. doure alho ou cebola (ou os dois) no azeite e adicione farinha de mandioca e sal. torre a farinha e teremos uma farofinha amarela, de dendê.

sirva com arroz branco. e pimenta, claro!

27.8.08

uma viagem antropológica

Aqui não se preserva a arquitetura dos prédios tão bem quanto à herança histórica da escravidão. Está tudo lá. Ainda no aeroporto vi um negro ajoelhado no chão engraxando o sapato do branco (não tinha nem mesmo um caixote pra elevar o pé, nunca tinha visto alguém engraxar tão submissamente assim). Tem moço que vende colar, menino que pede, e mulher que se vende. Gente que te trata como se você lhe devesse algo. O assédio é muito! Mas felizmente também existe gente que “não se entregou a escravidão”.
Saindo um pouco de circuito mais turístico, as pessoas ficam mais amistosas e participativas (sem invadir).
Aconteceram inúmeras vezes: sempre que estávamos muito perdidos, misteriosamente surgia alguém pra dizer o caminho a seguir, e do mesmo jeito que aparecia, sumia sem pedir nada em troca.
A fundação Pierre Verger é humilde, mas faz questão de preservar as duas horas de almoço dos funcionários. É lá que tem a casa vermelha de xangô e o acervo de negativos. Na janela, a moringa não está coberta pela caneca: código pros amigos saberem que Verger está em casa.
No museu da santa casa da misericórdia tinha exposição de orixás. O sincretismo não é exatamente uma solução, mas foi uma saída para preservar minimamente a identidade religiosa do povo. As missas católicas são feitas ao som dos atabaques. O padre tem discurso político (socialista, veja só!) e apesar de explicar sobre o “voto-étnico”, acm neto está em primeiro lugar nas pesquisas... novamente aquela herança histórica, uma pena...
No Senhor do Bonfim a sala dos ex-votos têm milagres. As águas da lagoa da Abaeté são profundas, verdes, tentadoras... e a areia de uma alvura singular. O mar de itapuã é azul, calmo e a praia é rasa. Enfins, a geografia do lugar é qualquer coisa de incrível...
Tem a cidade baixa e a cidade alta. Para se deslocar há o elevador Lacerda, que demora aproximadamente 15 segundos pra subir ou descer, mas a vista do plano inclinado Gonçalves é melhor (e a construção me lembrou muito os elevadores portugueses), em qualquer um deles o transporte custa só 5 centavos.
A Bahia é negra. As ruas cheiram a azeite de dendê. As gargalhadas são altas. E mesmo no aparente silêncio da madrugada, se prestar bastante atenção vai ouvir batuques ao longe, mostrando que em algum lugar ainda há festa, seja de humanos ou de santo.
Existem baianas dos acarajés e as “baianas free-lancer” (só pra fotografar). A culinária tem influência africana, indígena e portuguesa. Eu poderia almoçar moqueca e lanchar acarajé todos os dias. Só seria difícil voltar ao trabalho depois do almoço (acabo de entender as sagradas duas horas de almoço dos trabalhadores).
O Mercado Modelo foi uma decepção, em compensação a Feira de São Joaquim foi o passeio mais improvável e curioso. Um carrinho de mão de cabrinhas amarradas: vivas e chorosas... galinhas d’angola caladas, galos cantantes, bicho vivo, bicho morto, em pedaços ou inteiros, camarão seco, frutas, folhas, incenso, artesanato de barro, figuras de candomblé, bebidas, temperos, gente... muita gente simples e boa, e também daquelas que botam medo, cochichando e fazendo negócios obscuros.
Foi uma viagem antropológica, sim.
E você?

Você já foi a Bahia, nêgo?

Não?

Então, vá!

12.8.08

meu irmão fez um foto-livro com as fotos da viagem dele e me presenteou. aquilo desencadeou a nostalgia de agosto... publiquei no flickr váááárias imagens de portugal (visível só para os contatos) e me dei conta de que isso acontecia anualmente. não sei exatamente por que, mas todo agosto eu fico nostálgica. e sempre faço uma reflexão sobre como estava um ano antes. fiz isso em 2005, depois 2006. e em 2007 eu já tinha me mudado e ainda não tinha internet, mesmo assim, botei um post de início de férias. estava esperando visitas.
bem, então, para a posteridade:

# já estou na casa da cabeça há mais de um ano e ainda tenho coisas encaixotadas. preciso me apropriar desse espaço que já é meu. isso me fez perder o sono essa noite, pensando em que tipo de prateleiras para os livros/armários/estante deveria comprar. também pensei em descartar coisas... por que a gente acumula muita coisa inútil nessa vida.

# parei de ouvir toranja e troquei por um tecnomacumba pra aquecer!

# "o sino da igrejinha faz belém-bléim-blaum".
# pretendo comer muitos acarajés nos próximos dias.

# e aproveitar pra fazer um "descarrego". : )


foto: pierre fatumbi verger

6.8.08

o bom das férias...


o bom das férias...
Upload feito originalmente por simonewicca
é poder se perder nos detalhes de um agradinho...

# 3 beringelas médias
# 1 cebola (usei roxa)
# 1 colh. sopa de alho
# azeite
# 1/2 xíc. de vinagre
# 1 colh sobremesa de orégano
# 2 pimentas dedo-de-moça (retirei um pouco das sementes)
# uvas passas
# azeitonas
# sal

-cortei as beringelas em metades. salpiquei sal e deixei no escorredor.
-refogar o alho, cebola no azeite. adicionar o vinagre, o orégano, as pimentas, uvas passas e azeitonas.
-lave e esprema as beringelas pra tirar um bocadinho do líquido.
corte em fatias fininhas e junte ao refogado. mexer sempre, para que cozinhe de maneira uniforme.
- acerte o sal.
-deixe esfriar e armazene em vidrinhos esterilizados.
-se estiver em férias: cubra a tampinha com tecido estampado e amarre com uma fita para presentear.